domingo, 3 de fevereiro de 2008

Vitoriano




Muitas vezes me recordo
Da natureza.
Um vale verde,
Um rio
Transparente aos olhos de todos.
E o movimento? E a música…
A doce música de olhares encobertos.
Canto aquela música sem letra;
Ela já bombeava o meu sangue,
Finalmente ela se liberta do meu ser.
No meio daquela canção,
Todos os sons que amava se sobrepunham
Numa desorganização organizada.
Todos os sons,
Todas as melodias,
Todas as sinfonias.
O rio a correr, a brisa de encontro às vegetais disposições,
Os pássaros, a vida,
Todo um círculo vicioso de sensações!
De repente, as cordas dos violinos partiram-se,
O piano calou-se,
Até o mais pequeno instrumento deixou de tocar…
O pano fechou-se;
Outro espectáculo surgiu:
Cordas se sobrepunham,
Quase automaticamente.
Rodas metálicas rugiam,
Rosnavam, rodavam.
Eu fazia casacos que nunca iria usar,
Dos melhores tecidos…
Ainda tinha todos os dedos,
Ao contrário de metade das crianças com que trabalhava.
Uma triste melodia em crescendo…
Era esta a verdadeira e única música
Que tinha ouvido em toda a minha curta vida.
Vida;
Aqui é tão rara…

2 comentários:

ninguem disse...

Acordar para a realidade é duro (isto sou eu a fazer de filosofa :P).

Gostei do título, porque sou louca pelo vitoriano. E a forma abrupta como o poema acaba é fenomenal.

Ok, deixaste-me com "a pulga atrás da orelha"! Andas na mesma escola que eu? Dá-me uma pista...

ninguem disse...

Não é justo! ainda por cima da minha escola...hum, já estou a imaginar tu a passares por mim e a rires-te da minha santa ignorância :P Mas posso perguntar-te mais coisas ou nem por isso?

Actualizei o blog novamente, desta vez com um texto e prosa...a minha "veia poética" estava parada por isso tive de ir por outro lado :D

Também quero ver mais criações tuas.