sábado, 24 de janeiro de 2009

Entre a rosa e a espada


Entre a rosa e a espada.
Olhos de ouro engolidos pela terra.
Quero ver e não posso
Quero sentir e não quero,
Que a bruma de sangue
Engole-me a mim
Mas não engole a minha mágoa…

Quero dormir,
Dormir o longo sono
Que a minha alma sonha.
Já eu só tenho pesadelos…
A espada corta e rasga,
E destas aberturas meu coração
Apenas bombeia para me esvair mais depressa.
Mais depressa acabe a dor,
Mais perto os meus passos me levem
Antes de cair e não mais me levantar.

O vento assobia, breve, num campo de flores
Que nascera,
Ao lado do trono dos reis e das eras.
Caminho para elas.
Arrasto as sandálias de legionário.
Estendo a mão para a mais vermelha delas.
Ela golpeia-me da mesma forma
Que a espada sanguinária.
A dor não cessa com a beleza
E ela alimentasse do sangue que corre em mim.

Exangue,
Recordo as duas fontes
Onde colhi
O hidromel das memórias.

E, entre a rosa e a espada,
Me sepultaram:
Aqui jaz
Soldado sem glória
Soldado sem memória
Soldado sem paz
Aqui me sepultaram
Aqui me esqueceram.