terça-feira, 29 de julho de 2008

Até Já!

Mês de Agosto é mês de despedidas...

Mas volto em Setembro...

Até lá, adeus Portugal, olá Moçambique!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Passatempo "Leonardo DaVinci"


Leonardo DaVinci foi um dos maiores génios da História Universal, encarnando o espírito renascentista do ecletismo: foi pintor, arquitecto, cientista, inventor, e até deu o seu contributo na culinária...
Mas, e se tivesse nascido agora? Como será que o seu génio se revelaria? Será que seria sequer um génio?
Qual a tua opinião sobre este assunto?

Podes responder a esta pergunta na forma de uma narrativa, poema, ensaio, ...

Se quiseres participar envia o teu texto para psiquedelicous@gmail.com.

Os melhores textos serão publicados neste blog em Setembro.

Memórias (3)

O meu acusador virou-se para mim. Os seus olhos diziam-me que ele sabia o que eu sentia. Depois de uma demorada apreciação a todos esses sentimentos, perguntou-me:
– Como te chamas, jovem?
– Tomás. – respondi eu, atabalhoadamente.
Olhou-me nos olhos e perguntou, calmamente:
– Confessas ter assassinado outro homem, sem motivo aparente e sem ataque por parte desse mesmo homem?
As lágrimas vieram-me aos olhos. Tentei não chorar, mas quando ouvi o meu crime dito em voz alta, o peso na minha consciência aumentou consideravelmente. Durante algum tempo deixei as preciosas gotas caírem, e digo preciosas por as ter vertido tão poucas vezes na minha vida, algo que o meu acusador permitiu, esperando pacientemente, com os seus grandes olhos pousados em mim. Ainda com as lágrimas a correrem nos meus olhos, desviei o olhar do acusador e respondi:
– Sim. Confesso.
A audiência continuou impávida e serena como antes. Apenas o acusador falou, agora com uma expressão triunfal estampada no rosto redondo:
– Então, está encerrada a sessão. – e mudando depois para um tom de voz mais formal, continuou – A pena para este crime é a pena capital. – virando-se para dois dos <>, ordenou – Vocês dois vão buscar a injecção letal…
Ia acrescentar algo, mas interrompeu-se e dirigiu-se a alguém que estava atrás de mim:
– Quem é você? O que faz aqui? Não aprendeu que não deve entrar sem permissão?
E uma voz atrás de mim soou, uma voz masculina, suave e atraente, num tom de chacota evidente:
– Ora, não iria deixar este jovem sem defesa, pois não? E quem sou eu? Sou o advogado de defesa do Tomás. Pode-me chamar Jonas, como o filósofo e a personagem bíblica.
O acusador olhou-o, desconfiado. Mas depois, um sorriso malicioso rasgou a face e disse:
– Pode prosseguir com a defesa, pois a acusação terminou agora mesmo. Veremos o que consegue, porque, não sei se sabe, está a brincar com o fogo.
Jonas avançou para o meu campo de vista. A pele, de tez escura, contrastava claramente com o fato, de um branco puro. Os olhos e o cabelo eram igualmente escuros, sendo este último muito curto. Tal como a voz, ele era fisicamente atraente. Devia ter trinta e poucos anos, mais dez do que eu. Lentamente, ele começou a discursar:
– Vou-vos falar de Jonas, a personagem bíblica. Deus deu uma tarefa ao homónimo: avisar os habitantes de Ninive, a capital do Império Assírio, que seriam castigados pelas suas maldades. Mas Jonas queria que os habitantes de Ninive fossem castigados pelo mal que fizeram aos Israelitas, o seu povo e, por isso, fugiu para o mar. Mas, durante uma grande tempestade, Jonas foi lançado à água e foi engolido por um peixe. Dentro do peixe, rezou, e Deus ordenou ao peixe que o cuspisse para terra firme. Depois, Deus formulou a mesma ordem e, desta vez, Jonas aceitou.
E Deus apenas boas verdades nos ensinou. Ensinou-nos a perdoar e a preocuparmo-nos com os outros, ainda que nos tenham feito mal. Porque é que não perdoamos também este jovem? Ele merece o perdão, ainda que não tenha agido correctamente. Tomás pode aprender novos valores, para os perpetuar, para os fazer durar até às gerações seguintes. Segundo Jonas, o filósofo, as nossas acções devem ter em conta as gerações futuras.
Parou subitamente de falar, para ver o impacto que criara na audiência. E sorriu levemente, ao reparar que a audiência estava completamente absorta, suspensa nas suas palavras. E, calmamente, como antes, prosseguiu o seu discurso:
– Libertem-no e o futuro estará assegurado. Quem está comigo?