sexta-feira, 28 de março de 2008

Escuridão


A escuridão assaltou-me
Uma escuridão gelada…
Troquei meu leito pobre
Por um dossel feito de ossos do Lago Estígio.
Estendo a minha mão e empurro a porta,
A porta da casa de Hades.
Olho para trás e vejo claramente,
(com a clareza de quem já não vê a luz do dia),
Como era a vida.

E, à frente da antiga cidade soterrada de cinzas,
Fecho a porta.
Sorrio para Caronte com uma moeda na mão.
É esta a minha última viagem…


--Este é um dos meus primeiros poemas; fica o aviso para quem duvidar da sua qualidade.--

domingo, 16 de março de 2008

Raízes desconhecidas

A lua aclara a noite,
E com ela, partem os seus filhos.
De asas estendidas, voam
Até ao manto salpicado de ouro.
A brisa caminha pelas planícies.
Sou a única que não parte.
Correntes me prendem ao chão;
De memórias são elas feitas.
Imagino o caminho de estrelas:
Sonho com elas.
Mas há tanto que me prende a este lugar!
A brisa caminha…
Murmúrios nascem do amor
Entre o vento e as montanhas.
Finalmente, a noite partiu,
E eu não parti com ela.
A terra, sedenta, banha-se no sol
Que nasce entre as montanhas.
Preciso da lua mas saúdo
Aquele astro imponente.
Mais uma vez,
Onde não pertenço.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Ciência

Será o amor
Uma substância impura de se beber?
Bebe-se
Mas recusa-se o seu engenho?
A mecânica ainda não está provada.
É uma equação sem solução.
Será venenoso?
Se calhar
(tantos foram os que morreram por ele!)
O que pulsa dentro de mim
Sabe-me ao fim.
A minha alma
De sangue exangue
Lágrimas brotam
Água salgada
Como mar de saudade.