sábado, 21 de fevereiro de 2009

Uma reflexão...(desculpem a expressão)

Uma reflexão filosófica. Era uma boa ideia até me lembrar que não tenho jeito para pensar. A minha cabeça está demasiado cheia com tudo o que ouvimos e vemos todos os dias. Uma mistura de futilidades e labirintos mentais que acabam por cortar as nossas asas quando queremos voar.

Não estou à espera de dizer alguma coisa de especial, nem acho que esperem isso de mim. A poluição informativa continua a oprimir a minha liberdade de expressão, limito-me a sofrer de uma espécie de verborreia ligada ao teclado e à caneta, mas apenas quando consigo pegar nestes instrumentos.

Fecho os olhos. As vozes surgem, não sem nexo, não sem lógica. “A vida é como um espelho, uma espécie de ilusão.” Olho num espelho, uma ilusão na minha mente. “Porque é uma ilusão se, quando olho, vejo as coisas como elas são?”, penso eu, respondendo àquela voz. “A ilusão está completa quando olhas mais de uma vez à tua volta e vez exactamente o mesmo…”.

Olho mais uma vez para aquele espelho, solitário e imaginário, dominando uma sala vazia que pessoas como eu conseguem identificar como sendo a mente. “Se ao menos pudesse partir a película metálica do espelho que me impede de ver o outro lado….” A voz, troante, soou novamente “Se o fizesses, apenas verias por detrás a parede onde o espelho estava pendurado”.

Então, não existe maneira nenhuma de penetrar nos segredos do ser humano; os pensamentos e as memórias, os sentimentos e as sensações, para sempre escondidos, omissos na esfera do conhecimento real.

Por isso, sim, por isso me escondo na minha mente, poderosa no seu próprio campo de acção; desenho as histórias e as personagens. Obedecem a regras próprias, desconheço o que fariam na realidade. Já não conheço mais o mundo real; se calhar nunca o conheci…

A única coisa que me resta é olhar-me ao espelho e ver que nem o que está dentro daqueles olhos me é revelado.

Fiquemos com o eterno mistério da nossa humanidade. E um pedido de desculpas: para que serve reflectir para voltar ao ponto de partida?

Volto de novo ao lugar que antes ocupava: detesto estas pessoas que se põem a dar opiniões semi-filosóficas sobre a vida, juntando uma data de lugares comuns sem terem a verdadeira noção do que é a vida. São como eu: inundados pela imundice que pulula na nossa cultura e não nos deixa ver o que está por baixo.

São como eu e, agora mesmo, eu imitei-os.

Sem comentários: